ID: HR19-772
Presenting author: ISADORA SIMOES DE SOUZA
ISADORA SIMOES DE SOUZA
No Brasil,historicamente,a maternidade se consolidou como o destino natural da mulher.No entanto,paradoxalmente,para algumas mulheres ela está longe de se configurar como um dever, sendo que nem sua condição de direito está afirmada.Buscamos,neste artigo,contribuir para a compreensão deste caráter ambíguo da maternidade,em relação as mulheres que usam drogas e a retirada de seus bebês,levando em consideração a produção de regimes de verdade no âmbito de estratégias de poder que não são uniformes à toda população feminina,mas têm especificidades de raça e classe. À luz dos estudos Foucaultianos acerca do biopoder,discutiremos a inscrição do corpo feminino no dispositivo da sexualidade e a emergência de um processo de responsabilização biológico-moral das mulheres acerca do exercício do cuidado e da maternidade,no âmbito do qual esta passa a se configurar como um dever.Em um segundo momento,abordaremos à questão da institucionalização de crianças nascidas de mulheres usuárias de drogas, resultando na interrupção da convivência delas com seus filhos,a fim de discutirmos a construção de uma maternidade "indigna" de ser vivida. Compreendemos,que essa ambiguidade não está alheia à dinâmicas de poder e às estratégias de disciplinarização e controle,mas se inscreve no âmbito de práticas de deslegitimação de qualquer modelo familiar distinto da família nuclear burguesa,uma vez que esta é um importante ponto de ancoragem de estratégias de controle de corpos e da população.Compreendemos a existência de um jogo de forças e de verdades que conduzem procedimentos e governam corpos de mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade social.